
Mosteiro de São Bento
Para começar bem o seu domingo, recomendamos que visite o Mosteiro de São Bento. E não somente por conta do aspecto religioso: a história do local e detalhes da riqueza arquitetônica são capazes de atrair qualquer visitante, independente da religião.
O mosteiro fica bem no alto do Morro de São Bento. A subida é ladeada pela mata atlântica, sendo possível ouvir o agradável canto dos pássaros. Um verdadeiro refúgio à agitação, em pleno centro do Rio de Janeiro. Do alto, dá para ver as obras do Porto Maravilha, que seguem a todo o vapor, revelando um Rio de ricos contrastes temporais.
À esquerda, uma imponente estátua de São Bento recepciona os visitantes, como dona Ivone Matos, moradora de Copacabana. Aos 89 anos, ela conta que não costuma visitar o mosteiro com frequência por causa da distância. Mesmo assim, sempre que pode, D. Ivone vai ao local. E define o lugar em duas palavras: maravilhoso e belíssimo. A distância também não é um obstáculo para Márcia Macedo. A catequista, que saiu de Marechal Hermes, subúrbio carioca, para conhecer o mosteiro, disse estar maravilhada. Como atrativo, Márcia destacou a importância histórica.




A história do mosteiro de São Bento, aliás, começa em 1590, quando foi fundado por monges beneditinos vindos da Bahia. Somente a ordem dos Jesuítas havia chegado antes ao Rio. Entretanto, as obras da igreja só começaram em 1633, terminando quase 100 anos depois, quando, então, o claustro foi concluído.
A igreja, que fica logo ao fundo, chama-se Nossa Senhora de Montserrat, cujo estilo barroco revela o período de sua construção. À direita, como anexo, uma das entradas para o claustro do mosteiro, que se mantém fechado a maior parte do ano, abrindo apenas em celebrações específicas, como Corpus Christi e Finados.

O interior da igreja faz jus aos comentários de dona Ivone. Em dias de sol ficam mais reluzentes os detalhes em ouro encrustados em madeira de jacarandá, símbolos de um período de riqueza e grandiosidade. Há obras de diversos mestres, como Valentim e Inácio Pinto.
O badalar de sinos convoca os fiéis para o início da celebração. Os pesados sinos projetam o som a uma boa distância do mosteiro.
Início da missa: procissão, incenso e silêncio absoluto. Este apenas quebrado pelo canto gregoriano. Por sinal, um dos atrativos do local. O estilo de celebração é único na capital fluminense. É impossível escutar o canto em latim dos monges beneditinos, acompanhado pela harmonia de um órgão, sem se emocionar.
O canto gregoriano possui esse nome porque foi estabelecido pelo papa Gregório de Magno como canto oficial no século VI. Suas origens remetem ao canto dos salmos na tradição judaica.
A experiência é de fato única. Para a estudante Franciele Dias, “o canto é capaz de tocar na alma”. A missa inteira é cantada, com exceção da homilia de Dom José Mendes, abade no mosteiro. Os presentes ao altar se mantém em firme disciplina monástica durante toda a celebração. Os monges se vestem de preto, por isso eram conhecidos como “monges negros” na Idade Média.
Ao final da cerimônia, um momento especial: a clausura, que é o interior do mosteiro, será aberta ao público, pois nossa visita aconteceu durante as celebrações de Corpus Christi. No entanto, só teremos acesso à área conhecida como claustro.
Uma procissão se forma na lateral da igreja. Todos estão ansiosos. Uma imponente porta de madeira é aberta. Somos levados para um grande pátio com um chafariz ao centro. Ao longo da calçada, túmulos. Alguns com inscrições datadas dos séculos XVIII e XIX. Todos os monges são aí enterrados, inclusive nos dias de hoje. A procissão, liderada pelos monges e sacerdotes, dá a volta no local. Não dura muito, cerca de quinze minutos. Não podemos permanecer ao final da procissão. As portas são fechadas novamente e o mosteiro pode retornar aos seus votos beneditinos de pobreza, obediência, castidade, oração e trabalho.

Fotografia Igor Medeiros
Fotografia Igor Medeiros
Vídeo Igor Medeiros
Fotografia Igor Medeiros